Ao referir-se às
celebrações da Semana Santa em Itu/SP, o historiador Francisco
Nardy Filho, nos descreve com orgulho ituano, o respeito e devoção
de seus conterrâneos aos ritos, cerimônias e eventos decorrentes
dessa data.
Afirma que, nas quartas
e sextas feiras da Quaresma, havia a mais absoluta abstinência da
carne e que, na quinta e sexta-feira, o jejum era rigoroso. O
comércio fechava suas portas já ao meio dia de quinta feira,
abrindo somente na manhã de sábado, vivendo a cidade, nesse
período, em completo silêncio e recolhimento. Não se falava alto
pelas casas e ruas, não se faziam reuniões alegres e, até mesmo os
trens da Cia. Ituana, chegavam e partiam sem ao menos apitarem.
A vistosa decoração e
as missas da Igreja Matriz atraíam muitas famílias da Corte, todas
encantadas com as solenidades religiosas, cujos púlpitos eram
ocupados por renomados oradores sacros. Durante a noite, ocorria a
cerimônia de lavapés, onde o Vigário Padre Miguel lavava e
enxugava os pés de doze pobres. As famílias ituanas, ainda segundo
o historiador, ostentavam ricos e finos vestidos pretos, acompanhados
de belas e caras jóias, além das sobrecasacas masculinas.
No sábado santo, após
a revoada de pombos, dava-se a tradicional queima do Judas, com sinos
e a Banda 13 de Março. A procissão da Ressurreição, finalizando a
Semana Santa em Itu/SP, saía as 4 da manhã, contando como coroinha
e repicador do sino, o garoto Jugiquinha (posteriormente reconhecido
como Almeida Jr., o pintor), que pernoitava para não faltar aos
sinais da procissão, que preenchiam a cidade já a partir da meia
noite.
FOTO: "Tradicional Judas em Itu/SP" - Foto Sétimo [s.d]
FONTE: NARDY FILHO,
Francisco. “A Cidade de Ytu: crônicas históricas”. 2ª edição.
Itu:Ottoni Editora, vol.03, 2000.
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