4.6.12

Patrimônio Histórico: restauração, conservação e reforma


Todas as pessoas que vivem em cidades históricas devem conhecer alguns conceitos e normas que regem a preservação de um Patrimônio Histórico. Em uma cidade como Itu, que possui elementos de todos os estilos arquitetônicos e o maior representante do Barroco Paulista, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, este conhecimento se torna imprescindível.

Em meados do século XX, as normas de restauro que estavam vigentes desde o século XIX foram substituídas por normas internacionais e locais, discutidas em reuniões ocorridas em diversas partes do mundo, que se encontram reunidas nas cartas patrimoniais.

Tão importantes quanto estas normas são os conceitos que regem as intervenções feitas em edifícios históricos. O primeiro deles é o conceito de patrimônio histórico, acompanhado do motivo pelo qual deve ser preservado. Um edifício é considerado Patrimônio Histórico e, portanto, deve ser preservado, quando apresenta características estéticas ou históricas que devam ser transmitidas às gerações futuras, ou seja, características que não devem, jamais, ser destruídas.

Reconhecidos esses valores, deve-se cuidar de sua preservação, seguindo as normas e conceitos em vigor, para que não haja nenhum prejuízo à transmissão de tais características. Vale ressaltar que valor estético não é o que achamos bonito, mas se o edifício apresenta harmonia formal, de cores e proporcionalidade, onde nada pode ser retirado sem que se modifique o todo. Já o valor histórico traduz-se no edifício “contando” a história do período em que foi construído e dos anos que atravessou até chegar ao momento da intervenção.

É importante ressaltar que só se restaura uma OBRA, não se restaura uma IMAGEM QUE NÃO EXISTE MAIS. Sendo assim, mudanças consolidadas ao longo da história do edifício não devem ser apagadas para que se retorne a uma imagem antiga, pois são estas mudanças que contam a história dos períodos pelos quais o edifício passou.

Além disso, para se retornar a uma imagem antiga, temos que usar materiais novos, o que compromete o valor histórico e artístico da obra. Só é permitida a retirada de um material se isso trouxer à tona elementos originais. Caso contrário, o valor histórico é perdido. 

Sendo assim, RESTAURAR é preservar as características presentes no edifício no momento em que será objeto de intervenção. Materiais novos só devem ser usados para garantir a integridade estrutural ou completar partes faltantes, sempre com uma identificação do que foi feito, para que não seja confundido com o material original. Qualquer coisa fora isso é uma REFORMA e compromete o valor histórico e estético da obra.

Outro conceito importante é o de CONSERVAÇÃO, que nada mais é do que o tratamento da matéria com o objetivo de adiar sua deterioração, o que implica em preservar sua ambiência. É vedado construir, destruir ou modificar seus elementos alterando as relações de volumes e cores.
Analisando os conceitos, concluímos que podemos definir como estratégia de restauro tudo aquilo que não altere a forma, a imagem e a espacialidade da obra, garantindo, sempre, a manutenção dos aspectos que caracterizam sua passagem pelo tempo, ou seja, validam-na como documentação histórica da época em que foi criada e dos períodos que atravessou.

Ana Paula Quinteiro Capelli, Arquiteta.

Bibliografia

- Brande, Cesare, “Teoria da Restauração”, São Paulo, Ateliê Editorial, 2005.
- Cury, Isabelle (org.), “Cartas Patrimoniais”, Rio de Janeiro, IPHAN, 2004.

29.5.12

Monumentos Históricos de Itu/SP: Igreja N.Srª Candelária

Ícone do Barroco Paulista a Igreja Matriz, construída no século XVIII, é um dos monumentos mais imponentes de nossa cidade e orgulho dos ituanos.  


Agradecimentos: José Antonio Barros Freire

24.5.12

Festa do Divino: religiosidade e transgressão social


Em 1323, tomada por grande fervor religioso, D. Isabel, a rainha santa (1271-1336), casada com o rei de Portugal, D. Diniz, decidiu celebrar a festa do Espírito Santo coroando simbolicamente um imperador e dois reis. Após a cerimônia, o “império do Divino” saiu às ruas ao som de trombetas e acompanhado por uma multidão. Começava ali uma longa tradição de celebrações religiosas que resiste até hoje. 
 
No Brasil, as festividades do Divino Espírito Santo praticamente desapareceram das grandes cidades. Há alguns séculos, no entanto, eram realizadas nos maiores centros urbanos coloniais e causavam tamanho envolvimento da população que chegaram a preocupar as autoridades, como uma ameaça à ordem pública. 
 
Os primeiros registros dos festejos em terras brasileiras são do século XVIII. Sob o título "Livro das sortes que se tiraram na igreja Matriz da vila de Itu/SP para festejos do Divino Espírito Santo (1765-1799)", estão relatadas, ano após ano, todas as providências para o evento, como as contribuições em dinheiro para missa, o sermão e a música, e doações de alimentos (carne, trigo, farinha, arroz, azeite, ovos etc.).
 
Em 1765, por exemplo, foram arrecadadas em Itu/SP, cerca de 150 quilos de carne. O documento também lista os devotos escolhidos para compor os personagens da festa. Havia o imperador, o capitão da guarda, o pajem do estoque (provavelmente responsável pela guarda e distribuição de alimentos), o alferes da bandeira, entre outros. 

Um dos elementos que mais chamam a atenção nas festas é a ocorrência do “tempo alegre”, prática marcada pelas inversões simbólicas da ordem social, em que crianças ou adultos eram coroados como imperadores do Divino. Antes disso, havia a saída das folias, momento em que grupos de devotos percorriam as ruas em busca de esmolas para a festa portando bandeiras vermelhas com pombinhas bordadas em branco, símbolo do Espírito Santo. 
 
Os agentes da Coroa temiam que a brincadeira virasse realidade, que a festa lúdica acabasse inspirando revoltas efetivas. Era, portanto, preciso impedir o envolvimento desta população com os rituais de alteração simbólica da ordem e da hierarquia social, característicos daquelas festividades.
Após a emancipação política (1822), aumentou a tolerância das autoridades urbanas com os festejos. Porém, em nome dos ideais de “progresso e civilização”, os imperadores e suas pombas brancas do Divino tornaram-se figuras raras nas grandes cidades. 

 

22.5.12

Colégio Regente Feijó, 80 anos


No último 16 de Maio, a escola estadual Regente Feijó, comemorou seus 80 anos de existência e história.
Criado em 1932, pelo então prefeito da cidade, Dr. Joaquim Galvão da França Pacheco, o Ginásio Estadual supriu uma antiga carência local, visto que não havia ensino público secundário, ficando este a cargo dos dois únicos colégios particulares de Itu/SP: o Colégio N. Sra. do Patrocínio (feminino) e o Colégio S. Luiz (masculino). 
 
A primeira turma, segundo os registros do próprio colégio, era composta por 53 alunos e contava com professores da envergadura de José Leite Pinheiro, Pery Guarany Blackman, entre outros. A direção, naquela época, ficava a cargo do Dr. Oscavo de Paula e Silva. 


Além de estudantes da cidade de Itu/SP, o Ginásio também atendia alunos vindos de cidades vizinhas, tais como Salto/SP, Cabreúva/SP e Porto Feliz/SP.
Em 1944, já sob a direção do professor Antônio Berreta, com o apoio do então Deputado Estadual Dr. Novelli Júnior – que pleiteou a verba pública – o prédio, onde atualmente funciona a escola, foi construído e inaugurado 5 anos depois, visando assumir um papel fundamental na história do ensino público de Itu/SP e região.
Hoje, o passado do Colégio Estadual Regente Feijó, encontra-se imortalizado na memória dos habitantes da cidade e no próprio centro urbano de Itu/SP, onde, imponente, a tradicional escola permanece.

Foto: Fachada lateral do Colégio Estadual Regente Feijó. 

15.5.12

"A Lei e a Ordem" na vila de Itu/SP


Todas as leis e normas de condutas que regem uma sociedade, são filhas de seu próprio tempo, ou seja, buscam adequar-se às novas formas de organização social, aos novos costumes e práticas, ou até mesmo, normatizar comportamentos corriqueiros – e nem sempre adequados - dos cidadãos.
Dessa forma, justifica-se, em certa medida, algumas leis sancionadas pelos legisladores da Câmara Municipal de Itu/SP, ao longo do século XIX, visando coibir certas práticas consideradas imorais e não dignas da convivência social.

É o caso da sessão de 10 de Julho de 1830, na então vila de Itu, onde se aprovaram, segundo o historiador Francisco Nardy Filho, as seguintes posturas contra os insultantes:

Art. 1º – Todo aquele que injuriar publicamente, a qualquer pessoa com murros ou empurrões, terá a pena de 6$000 (seis mil réis) de multa e 3 dias de cadeia;
Art. 2º – Todo aquele que injuriar publicamente, com palavras insultantes a qualquer pessoa, terá a pena de 4 dias de cadeia e multa de 3$000 (três mil réis);
Art. 3º – Quando o condenado
não tiver condições de pagar a 
pena pecuniária estabelecida nesses artigos, o mesmo sofrerá um dia de prisão por cada mil réis.

Contra a “feitiçaria” (como eram chamadas as práticas religiosas dos africanos), considerada ofensiva diante dos preceitos católicos, a sessão de 11 de Abril de 1855, decretou a seguinte postura:

“O escravo que for encontrado comerciando ou tendo em seu poder qualquer objeto vulgarmente chamado de Feitiçaria, quer mineral, quer vegetal, quer animal, será punido com 8 dias de prisão e pela reincidência, 30 dias.
Por sua vez, as pessoas livres compreendidas no artigo acima, pela 1ª vez, será punido com 15 dias de prisão e multa de 30$000 (trinta mil réis) e pela reincidência, em 30 dias de prisão e 60$000 (sessenta mil réis!!) de multa.

A embriaguez também foi alvo dos legisladores ituanos, que em sessão de 13 de Janeiro de 1862, aprovaram uma postura que impunha 8 dias de cadeia e multa de 20$000, a todo taverneiro que vendesse bebidas alcoólicas a ponto da pessoa se embriagar, além da condução do bêbado à cadeia, para no dia seguinte ser interrogada.

Fonte: NARDY FILHO, Francisco. “A Cidade de Itu: crônicas históricas”. 2ª edição, Itu: Ottoni Editora, 2000.

11.5.12

Monumentos Históricos de Itu/SP: Casa Imperial


Situada na Praça D. Pedro I, a "Casa Imperial" era o local onde hospedava-se a Família Imperial Brasileira nas ocasiões em que visitam a cidade de Itu/SP.
Projetada por Francisco Paula Souza (ver artigo nesse blog), a "Casa da Flor de Lis", como também é chamada por alguns historiadores, foi o prmeiro imóvel urbano tombado pelo CONDEPHAAT, em 1968, na cidade de Itu/SP.
Em 1884, quando a cidade recebeu a então Princesa Imperial, Isabel Cristina de Bragança e Bourbon, foram aqui alforriados 10 escravos.

Atualmente, sua proprietária , Dra Maria Lucia Caselli, mora no imóvel e é a principal responsável pela preservação do imóvel e suas histórias.


Agradecimento: Jose Antonio Barros Freire
 

4.5.12

A Vila de Itu/SP em 1765 - dados de um censo


Com uma objetividade, comparada aos recenseamentos contemporâneos, o historiador Francisco Nardy Filho, no texto denominado “Itu de outras eras”, realiza minucioso levantamento da realidade ituana durante o ano 1765. 
 
De acordo com seus dados, frutos de exaustiva pesquisa histórica, a Vila de Itu/SP, contava com 3.988 habitantes, entre os quais 2.758 eram livres (1.361 homens e 1.397 mulheres); 1.230 escravos (640 homens e 590 mulheres). 
 
Para a lavagem das roupas, aproveitavam-se das águas dos dois córregos locais e, para beber, serviam-se da fonte do Cercado dos Franciscanos, além da bica existente na saída do caminho dos matos (atualmente, nas proximidades do 2ºGAC AP).

O posto de Capitão-Mor era ocupado por Salvador Jorge Velho e o de Sargento-Mor, por Antônio Pacheco da Silva. Além disso, era vigário da vara eclesiástica, o padre Felipe Machado de Campos e o cargo de pároco era exercido por Francisco Xavier de Gusmão. A missa simples custava uma pataca (moeda de prata de origem portuguesa, que circularam no Brasil entre os anos de 1695 e 1834. A série era composta por moedas de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis, sendo a de 320 denominada pataca).

Missa de corpo presente, 640 réis e a missa cantada 1$280 (mil duzentos e oitenta réis). Encomenda e acompanhamento de defuntos custavam à família do falecido, cerca de 640 réis (livres) e 320 réis (escravos). Os batizados e casamentos eram voluntárias, ou seja, cada padrinho e o noivo davam o que fosse conveniente.

A Câmara de Itu/SP possuía a seguinte composição: Francisco de Almeida Lara (Juiz Presidente); Manuel de Brito e Morais, Antônio Leme da Silva e José de Arruda Penteado (Vereadores); Miguel Bicudo de Brito (Procurador). Sua movimentação financeira girava em torno de 154$760 em rendas (cento e cinquenta e quatro mil setecentos e sessenta réis), com uma despesa de 130$363 (cento e trinta mil trezentos e sessenta e três réis), obtendo em saldo, o valor de 24$397 (vinte e quatro mil trezentos e noventa e sete réis).

Essas valiosas informações, extraídas do texto de Nardy Filho, são consideradas uma das primeiras compilações de dados (se não a primeira), relativas a organização social, política e religiosa de Itu/SP, no século XVIII. Quiçá, nosso primeiro censo oficial antes da invenção do IBGE.


GRAVURA: “Vistas da Vila de Itu/SP”, Jean-Baptiste Debret (1768-1848)
FONTES: NARDY FILHO, Francisco. “A Cidade de Itu: crônicas históricas”. Itu: Ottoni Editora, vol. 05, 2000.
             Wikipedia.
 

26.4.12

Cia. Ytuana de Estradas de Ferro


A criação da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, ligando Campinas a Jundiaí, despertou nas elites políticas e econômicas de Itu/SP, sobretudo a cafeeira, a necessidade de se construir aqui, uma empresa que ligasse a cidade a esse tronco ferroviário da “São Paulo Railway”.
Em Janeiro de 1870, o Presidente da Província de São Paulo, o Dr. Antonio Caetano da Rocha, chegou a cidade de Itu para presidir os trabalhos de organização e execução da Companhia Ytuana de Estradas de Ferro.
No dia seguinte, o Paço Municipal, localizado no Largo do Carmo, encontrava-se todo ornamentado, com a presença de bandas locais e considerável número de populares. A sessão teve início no dia 20 de Janeiro e foi toda secretariada pelos ituanos Dr. Queiróz Telles Jr. e Bento de Paula Souza.
Após várias declarações e considerações a respeito da importância de tal construção, o Presidente da Província de São Paulo declarou organizada a Companhia Ytuana de Estadas de Ferro, cujo capital de 2.500:000$000 (dois mil e quinhentos contos de réis), foi dividido em 12.500 ações de 200$000 (duzentos mil réis) cada uma. Dessas, cerca de setenta mil foram arrematadas nessa reunião.

No dia 17 de Abril de 1873, um dia antes da “Convenção Republicana de Itu”, com a presença do então Presidente da Província, o Dr. João Theodoro Xavier, foi inaugurada a Estação Ferroviária de Itu/SP e a ligação férrea com a cidade de Jundiaí/SP. Uma das travessas do prolongamento da rua do Comércio até a estação de trens, foi chamada de rua 20 de Janeiro.
Segundo o historiador Nardy Filho, o principal organizador da Companhia Ytuana foi o Dr. José Elias Pacheco Jordão e seu capital eram quase que majoritariamente ituano.
Estava, assim, realizado uma das principais obras de escoamento da produção cafeeira de Itu e região – principal responsável pelas receitas do Império – ao Porto de Santos, o que barateou os custos da produção, na mesma proporção que os lucros aumentaram.

FONTE: Nardy Filho, Francisco. “A cidade de Itu: crônicas históricas”. Itu: Ottoni Editora, 2ª ed., vol. III, 2000.

20.4.12

Série Monumentos Históricos de Itu/SP: Coral de Vozes de Itu

O Maestro Chiquinho de Moraes se emociona com o "Coral Vozes de Itu", o qual desenvolve, há mais de 40 anos, atividades de canto coral. Um trabalho artístico voltado para a valorização da cultura local e o estreitamento dos laços de identidade e inclusão social na comunidade da qual faz parte.
Resgatam a obra coral dos compositores Ituanos do século XIX:  Maestros Tristão Mariano da Costa, Elias Lobo e Pe. Jesuíno do Monte Carmelo.
 

Vídeo gravado na cerimônia da "Semana Santa", em Março de 2008, na cidade de Itu/SP.


Depoimentos: Maestro Chiquinho de Moraes e Prof. Paulo César Garcez Marins (USP)

Agradecimentos: José Antônio Barros Freire












18.4.12

A "Convenção Republicana de Itu/SP"


Jovem estudante que acompanhou seu pai na “Convenção de Itu”, Cesário Mota Jr., em suas “Recordações Históricas”, reconstituiu os acontecimentos dos dias 16, 17 e 18 de Abril de 1873. Segundo ele, as ruas da cidade estavam enfeitadas para esperar o então presidente da Província, o Sr. João Theodoro Xavier. No dia seguinte, o mesmo participaria da cerimônia de inauguração da Estrada de Ferro Ytuana, que ligava Itu/SP à cidade de Jundiaí/SP, onde encontrava-se a ramificação para a Cia. Paulista de Estradas de Ferro.

Já no dia 18 de Abril, após um almoço realizado na casa de João Tibiriçá Piratininga, houve uma reunião preparatória, onde elaborou-se a ordem do dia. A reunião, segundo o presidente do Clube Republicano de Itu/SP, deveria ser simples e objetiva, evitando levantar polêmicas em torno de assuntos delicados, como a abolição, por exemplo.

A noite, por volta das 19:00 horas, 133 correligionários reuniram-se na casa de Carlos Vasconcellos de Almeida Prado, além das pessoas que se declaravam republicanas. Os Clubes Republicanos representados compareceram com a seguinte contagem: Itu (32); Indaiatuba (8); Campinas (15); São Paulo (10); Mogi-Mirim (2); Sorocaba (5); Amparo (4); Rio de Janeiro (2); Capivari (13); Jundiaí (9); Botucatu (4); Porto Feliz (15); Tietê (1); Piracicaba, que se chamava Constituição (4); além de Bragança Paulista (4); Atibaia, ou Bethelem de Jundiahy (1); Jaú (1) e, finalmente, Monte-Mor, com 1 representante.

Presidida por João Tibiriçá Piratininga e secretariada por Américo Brasiliense, as discussões duraram até as 21:30 horas. Ali, foi discutida a necessidade da realização de uma Assembleia de representantes municipais, a fim de se elaborar um projeto de Constituição politica, bem como as Leis Orgânicas do futuro estado de São Paulo. Também discutiram sobre o sistema de votação que elegeria esses mesmos representantes republicanos para congressos partidários, decidindo-se pelo voto direto e universal, restrito apenas aos menores de 21 anos e àqueles que possuíssem algum tipo de processo criminal.

A criação de um órgão de imprensa partidária, principal meio de atuação propagandística, foi adiada para o próximo encontro, em razão das diversas correntes de opiniões. Durante a saída dos convencionais, ainda segundo as recordações de Cesário Mota Jr., uma escrava, sentada à porta, pedia esmolas para comprar sua alforria. Aproveitando o momento, o convencional Quirino dos Santos, com palavras cheias de sentimentalismos, propôs que as pessoas presentes concorressem para a redenção da “pobre infeliz”. Rapidamente, em um gesto político, todos contribuíram para a causa.

Mais tarde, em outra reunião, dessa vez realizada em São Paulo, foi eleita a primeira comissão permanente do recém-criado Partido Republicano Paulista (PRP), que ficou composta pelos seguintes membros:
Américo Brasiliense; Américo de Campos; João Tibiriçá Piratininga; João Tobias; Martinho Prado Jr.; Antônio Augusto da Fonseca e Manoel Ferraz de Campos Salles (eleito presidente da República em 1898). O ituano João Tibiriçá Piratininga foi escolhido, entre os membros, para ocupar a presidência executiva do partido, equanto que Américo Brasiliense ficou com o cargo de 1º secretário.

Estava, portanto, consolidada o início da campanha republicana em São Paulo, campanha que culminaria vitoriosa em 15 de Novembro de 1889, com a Proclamação da República no Brasil.

Foto: Sala onde se realizou a Convenção Republicana de Itu/SP (site do Museu Republicano "Convenção de Itu).
Quadro: "A Proclamação da República", Benedito Calixto, Pintura a óleo, 1893.
Fonte: Tavernaro, Erik. "O Clube Republicano de Itu: organização partidária, propaganda e educação no Oeste Paulista (1872-1889)". Trabalho de Conclusão de Curso. História/UNESP, Franca, 1999.
 

17.4.12

O Clube Republicano de Itu/SP


A publicação do “Manifesto Republicano” em 1870, no Rio de Janeiro, agitou a arena política de várias regiões do país, principalmente a região de Itu/SP (antigo Oeste Paulista), onde no dia 06 de Setembro de 1872, João Tibiriçá Piratininga, Carlos Vasconcellos de Almeida Prado, seu irmão João Vasconcellos de Almeida Prado, Ignácio Xavier de Campos Mesquita e Antônio Francisco de Paula Souza, reuniram-se para fundar o Clube Republicano de Itu/SP.
O objetivo destas células municipais – foram 48 no total – era fazer a propaganda das ideias republicanas, manter a união do partido na localidade, além de discutirem todas as questões que interessassem ao partido. Cada Clube era composto por um presidente (João Tibiriçá Piratininga, em Itu/SP), um 1º e 2º secretários e um delegado para participar dos congressos na Capital da Província.
Na mesma reunião de fundação do Clube de Itu/SP, foi também criada uma escola noturna, mantida com os recursos financeiros do próprio Clube Ituano, inclusive o “corpo docente”, composto basicamente, pelos membros do diretório municipal. Segundo os republicanos, a educação serviria de base para politizar as relações entre o Estado e a sociedade, permitindo, dessa forma, o conhecimento da realidade social, além de oferecer-lhes os meios de ação politica necessários para atingir o estatuto de cidadania.
O Clube Republicano de Itu/SP, o mais ativo e numeroso da Província, foi decisivo para estimular outros Clubes a manter as atividades no primeiro momento da propagada republicana. Pensando nisso, João Vasconcellos de Almeida Prado e Tibiriçá Piratininga, após se encontrarem com Américo Brasiliense na cidade de São Paulo, decidiram organizar um Congresso Republicano a ser realizado na Capital ou no interior da Província, a fim de formalizar a criação de um partido político de oposição a Monarquia de D. Pedro II.
No dia seguinte, foi publicada uma circular com as principais decisões dessa reunião, entre elas, a que se referia ao trabalho escravo, principal sustentáculo da economia cafeeira no interior de São Paulo. Preocupados com os boatos sobre o possível uso da violência na abolição da mão de obra escrava, os republicanos paulistas assumiram uma postura cautelosa quanto a esse assunto, evitando dessa maneira, qualquer conflito ideológico com o meio agrário e, consequentemente, o fracasso da campanha republicana.
Após muitas reuniões e várias viagens pela Província, os principais homens políticos de Itu/SP, conseguiram organizar e conduzir, no dia 18 de Abril de 1873, aquele que viria a ser o primeiro Congresso Republicano de São Paulo, principal responsável pela fundação do Partido Republicano Paulista, conhecido na historiografia republicana como a “Convenção de Itu”.

Quadro: João Tibiriçá Piratininga [s.d] // Museu Maçônico Paranaense.
Foto/Créditos: Inauguração do Museu Republicano "Convenção de Itu" (1923) / Grupo Fotos Antigas de Itu/SP.
Fonte: Tavernaro, Erik. "O Clube Republicano de Itu: organização partidária, propaganda e educação no Oeste Paulista (1872-1889)". Trabalho de Conclusão de Curso. História/UNESP, Franca, 1999.


12.4.12

A Semana Santa em Itu/SP


Ao referir-se às celebrações da Semana Santa em Itu/SP, o historiador Francisco Nardy Filho, nos descreve com orgulho ituano, o respeito e devoção de seus conterrâneos aos ritos, cerimônias e eventos decorrentes dessa data.
Afirma que, nas quartas e sextas feiras da Quaresma, havia a mais absoluta abstinência da carne e que, na quinta e sexta-feira, o jejum era rigoroso. O comércio fechava suas portas já ao meio dia de quinta feira, abrindo somente na manhã de sábado, vivendo a cidade, nesse período, em completo silêncio e recolhimento. Não se falava alto pelas casas e ruas, não se faziam reuniões alegres e, até mesmo os trens da Cia. Ituana, chegavam e partiam sem ao menos apitarem.
A vistosa decoração e as missas da Igreja Matriz atraíam muitas famílias da Corte, todas encantadas com as solenidades religiosas, cujos púlpitos eram ocupados por renomados oradores sacros. Durante a noite, ocorria a cerimônia de lavapés, onde o Vigário Padre Miguel lavava e enxugava os pés de doze pobres. As famílias ituanas, ainda segundo o historiador, ostentavam ricos e finos vestidos pretos, acompanhados de belas e caras jóias, além das sobrecasacas masculinas.
No sábado santo, após a revoada de pombos, dava-se a tradicional queima do Judas, com sinos e a Banda 13 de Março. A procissão da Ressurreição, finalizando a Semana Santa em Itu/SP, saía as 4 da manhã, contando como coroinha e repicador do sino, o garoto Jugiquinha (posteriormente reconhecido como Almeida Jr., o pintor), que pernoitava para não faltar aos sinais da procissão, que preenchiam a cidade já a partir da meia noite.

FOTO: "Tradicional Judas em Itu/SP" - Foto Sétimo [s.d]
FONTE: NARDY FILHO, Francisco. “A Cidade de Ytu: crônicas históricas”. 2ª edição. Itu:Ottoni Editora, vol.03, 2000.

3.4.12

Engenheiro Paula Souza


O ituano Antonio Francisco de Paula Souza, nascido em 1843, era engenheiro, estudou em Zurique (Suíça) e em Karlsruhe (Alemanha), retornando para a cidade natal em 1871, dedicando-se ao desenvolvimento e construção de estradas de ferro, entre elas, a Estrada de Ferro Ituana, que ligava Itu a Piracicaba.
Na Convenção de Itu, foi um dos fundadores do Partido Republicano Paulista (PRP), em 1873 e, posteriormente, em 1892, foi eleito Deputado Estadual, quando ocupou a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Porém, sua maior contribuição aos nossos dias atuais, foi na área educacional, quando fundou a hoje renomada Escola Politécnica da USP, onde também ocupou o cargo de diretor por 24 anos.
Faleceu em 13 de Abril de 1917, enquanto preparava uma aula.

Mais que um simples nome de uma via importante da nossa cidade, Paula Souza é um ilustre ituano do qual devemos nos orgulhar.

FONTE: “Revista Campo e Cidade”. Edição Comemorativa – 2010


2.4.12

Antigas profissões desaparecidas


Na medida em que as cidades vão desenvolvendo sua infraestrutura e se modernizando, algumas profissões, até então consideradas indispensáveis, vão desaparecendo da rotina urbana. Em Itu/SP, isso não foi diferente.
O historiador Francisco Nardy Filho, listou algumas dessas ocupações que hoje se transformaram em verdadeiras lendas de nossa cidade. São elas:

                                                                "Os Faquinhas", 1938.
 
- Aguadeiros: eram escravos de ganho (geralmente trabalhavam na cidade, executando qualquer serviço em troca de algumas moedas) que, em latas e barris, iam apanhar água no chafariz do Pe. Campos, na bica do Broxado ou na fonte do Convento Franciscano, para abastecer as casas. Vendiam o barril a 40$ (quarenta réis), já que as águas dos dois córregos da cidade eram aproveitadas apenas pela lavadeiras. Com a inauguração do serviço de abastecimento de água, em 1888, desapareceram os aguadeiros. Logo em seguida, com a Lei Áurea, desapareceram os escravos de ganho.

- Acendedor de lampião: a um custo anual de 6:000$000 (seis contos de réis), todo o serviço de iluminação pública da cidade, era de responsabilidade do Sr. Joaquim Leitão. Esse “concessionário”, digamos assim, tinha como funcionário um acendedor de lampiões, chamado Zé Caifás. Durante o dia ele limpava os vidros dos lampiões e os abastecia (economicamente, afirma Nardy Filho) de querosene. As 22:30 eram acessos os lampiões e até 00:00, todos já estavam apagados, fazendo com que Zé Caifás os acendessem novamente. Em noites de lua cheia, nos consta, não havia iluminação. Com a chegada da luz elétrica na cidade de Itu/SP, em 1904, a profissão de acendedor de lampiões desapareceu.

- Rachador de lenha: levava em seu ombro um machado muito afiado, percorrendo a cidade em busca de alguma carga de lenha para cortar e, em seguida, vendê-las como combustível de fogão. Posteriormente, vieram o fogão elétrico e a carvão, seguidos das serrarias que forneciam a serragem e a lenha devidamente cortadas... foi o fim dos rachadores de lenha.

- Cabungo da cadeia: esse era o terror das famílias ituanas que residiam nas ruas do Carmo e Direita, uma vez que, por volta de 21:30 hs era só alguém ouvir uma carroça se aproximando e, imediatamente, todas as portas e janelas se fechavam para o limpador de fossas passar, empesteando o ar com seu fedor característico. Com a criação do serviço de captação de esgoto, foi-se junto o cabungo e também o martírio dos cidadãos ituanos.


FONTE: NARDY FILHO, Francisco. “A Cidade de Itu: cronologia ituana”. Itu: Ottoni Editora, 2ªed., vol.IV, 2000.
FOTO/CRÉDITO: “Faquinhas”, contratados pela prefeitura para a limpeza das ruas (1938) / Gabriel Pupo Nogueira.


29.3.12

Octávio Ianni, o pensador ituano


Formado em 1954, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, o Sociólogo Octávio Ianni foi um intelectual dedicado a compreensão das diferenças sociais, das injustiças a elas associadas e dos meios de superá-las.
Nascido em 1926, na cidade de Itu/SP, Ianni participou da chamada Escola de Sociologia Paulista, onde traçou um novo paradigma sobre o preconceito racial no Brasil.
Aposentado pelo AI-5 e proibido de lecionar na USP, o Sociólogo ituano migrou para a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), integrando a equipe de pesquisadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). Mais tarde, com o fim da ditadura e a redemocratização do país, voltou para o ensino público superior, dessa vez como professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Ao lado dos Sociólogos Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso, foi considerado um dos principais sociólogos do país, dedicando-se, em seus últimos anos de vida, aos estudos sobre a Globalização. Sobre sua cidade natal, escreveu “Itu, uma cidade antiga”, em 1988.
Faleceu em 2004. 
Está sepultado no jazigo de sua família, no Cemitério Municipal de Itu/SP.

Obras de Octávio Ianni:

- Cor e mobilidade social em Florianópolis, 1960 (em colaboração)
- Homem e sociedade, 1961
- As Metamorfoses do escravo, 1962
- Industrialização e desenvolvimento social no Brasil, 1963
- Política e revolução social no Brasil, 1965
- Estado e capitalismo no Brasil, 1965
- O colapso do populismo no Brasil, 1968
- Estado e Planejamento Econômico no Brasil, 1971
- Raças e Classes Sociais no Brasil, 1972
- A formação do Estado populista na América Latina, 1975
- Imperialismo e cultura, 1976
- Escravidão e racismo, 1978
- Ditadura e Agricultura, 1979
- A ditadura do grande capital, 1981
- Revolução e cultura, 1983
- Classe e nação, 1986
- Dialética e capitalismo, 1987
- Ensaios de sociologia da cultura, 1991
- A sociedade global, 1992
- O Labirinto Latino - Americano, 1995
- Teorias da Globalização, 1996
- Enigmas da modernidade-mundo, 2000

FONTES: “Revista Campo e Cidade”. Edição Comemorativa. Itu: Igil, 2010.
                Site Wikipédia.

27.3.12

A tradicional família ituana


Ao contrário do Nordeste brasileiro, onde predominou a família patriarcal, no estado de São Paulo, de acordo com o estudo de Eni Samara, a maioria das famílias eram constituídas por tipos nucleares, caracterizando-se por diversos arranjos.
Em Itu/SP não foi diferente. Destacando-se como uma das cidades mais antigas do estado, aqui a família foi o centro de poder econômico e político durante os séculos XVII, XVIII e XIX.
O historiador ituano Francisco Nardy Filho destacou inúmeras famílias tradicionais de nossa cidade, como por exemplo: Almeida Mattos, Almeida Prado, Almeida Sampaio, Mariano da Costa e Álvares Lobo, Amaral Gurgel, Barros, Bicudos, Camargo Penteado, Dias Aranha, Fonseca, Leite Pinheiro, Mesquita, Pacheco, Pacheco da Silva, Ferraz, Paula Souza, Paula Leite, Portela, entre outros tantos...
Posteriormente, as famílias foram se “misturando” com os imigrantes estrangeiros – inicialmente colonos e, mais tarde, citadinos – entre eles, italianos, japoneses, sírios, judeus... além, claro, dos negros forros. Assim, gradativamente, foi-se configurando a sociedade ituana.
Em Itu/SP, a igreja católica exercia – e ainda exerce – grande influência religiosa, chegando mesmo a instalar dois importantes colégios católicos voltados para a educação dos filhos da elite paulista: o Colégio São Luiz (meninos) e o Colégio do Patrocínio (meninas).
Atualmente, realizam-se na cidade de Itu/SP, várias festas tradicionais religiosas que recebem um grande número de fiéis.

Fonte: OLIVEIRA, Jair de. "Memória de Itu". Itu: Gráfica Gaviolli, 2011.
Foto: Casal Olympia da Fonseca e Carlos Vasconcellos de Almeida Prado e filhos (esq. para a dir.): Octaviano, Júlia, Edgard e Carlos. (Foto de 1890)


21.3.12

O Cinema chega em Itu/SP

Filhos de um fotógrafo e proprietário de uma indústria de filmes e papéis fotográficos, Louis e seu irmão August Lumière, após muitos estudos sobre os processos fotográficos, foram responsáveis pelo desenvolvimento do primeiro Cinematográfo, em 1895. O aparelho, movido a manivela,  utilizava negativos perfurados e era capaz de registrar, fotograficamente, sucessivas imagens a uma velocidade maior do que o tempo de persistência da retina, conferindo aos fotogramas a sensação de movimento.
Segundo a História oficial, a primeira exibição pública das produções dos irmãos Lumière - e da invenção do cinema - foi em 28 de Dezembro de 1895, no Grand Café, em Paris. As produções restringiam-se a curtos registros sobre a vida cotidiana, filmados ao ar livre. A sessão foi inaugrada com a projeção de "A Saída dos Trabalhadores da Fábrica Lumière", produzido no mesmo ano.


Em Itu/SP, a primeira projeção pública do cinematógrafo que se tem notícia, data de 1905, no Largo do Carmo. A "sala de cinema", consistia em uma armação de lona, tal qual um circo, onde diversas bancadas eram dispostas frontalmente a uma tela de tecido. Funcionava das 14:00 as 22:00 horas e exibiam 4 filmes, ao custo de 1$000 (mil-réis). Esse cinema itinerante estabeleceu-se na cidade por apenas três dias e contou com um numeroso e admirado público, conforme nos relata o historiador Francisco Nardy Filho.
Por sua vez, ainda na cidade de Itu/SP, a inauguração oficial de nosso primeiro cinema residente, foi em 23 de Dezembro de 1911.

FONTES: FILHO, Francisco Nardy. "A Cidade de Ytu": crônicas históricas. Itu: Ottoni Editora, 2ª edição, vol.03, 2000.
SITES: Controvérsias / Cine e Pipoca
FOTO: Gravura onde August Lumière aparece utilizando o cinematográfo.
FILME: "Saída dos Trabalhadores da Fábrica Lumière". Dir: August e Louis Lumière. Doc. França. P&B, mudo, 1895.

19.3.12

Calçamento urbano


Segundo o historiador ituano, Francisco Nardy Filho, as primeiras informações sobre o calçamento das ruas da cidade de Itu/SP, datam de 1790. D. Bernardo de Lorena, o então Capitão-General Governador de São Paulo, inclusive, teceu elogios à iniciativa dos poderes públicos de nossa cidade.
Em 1826, a Câmara Municipal de Itu/SP determinou que os moradores das ruas do Comércio, Direita, Carmo e Palma, construíssem calçadas de 10 palmos de largura em suas portas, sob pena de multa de 6$000 (seis mil réis).
Em 1884, foi a vez das ruas do centro da cidade serem macadamizadas, ou seja, cobertas com 3 camadas de pedras (cascalhos) que, posteriormente, eram comprimidas ou piladas por pesados rolos. Além disso, tornava-se necessário o assentamento de valas laterais que garantiam o escoamento das águas pluviais. Em 1904 foi realizado o assentamento de paralelepípedos da Rua Direita e Praça Pe. Miguel e, em 1926, o calçamento da Rua do Comércio.

Todas as pedras utilizadas para a “pavimentação” de nossas ruas, eram retiradas de pedreiras existentes nas proximidades da cidade, na região do Rio Tietê, antiga estrada para Jundiaí. As calçadas, por sua vez, eram construídas com lajes de varvito, extraídas da pedreira cuja formação geológica é o resultado da deposição de argila, areia e silte, ocorrida entre, aproximadamente, 300 milhões de anos.

Ainda hoje – no calçamento lateral da Igreja Matriz, por exemplo - é possível encontrarmos vestígios da presença de animais invertebrados que habitavam o fundo dos lagos, onde a deposição ocorria. Estes vestígios aparecem na forma de traços finos e alongados, geralmente mais claros, formados durante os meses quentes, quando a vida nos lagos poderia ser mais ativa.

Fotos: Extração e transporte do varvito (atual Parque do Varvito).
Créditos: Elton Zanoni/Moacir Fritzen/Grupo Fotos Antigas de Itu/SP.
Fonte: Wikipedia/varvito
FILHO, Francisco Nardy. “A cidade de Ytu”: histórico de sua fundação e dos seus
principais monumentos. Itu:Ottoni Editora, vol.01, 2ª edição, 2000.

16.3.12

"Trânsito pesado"

Um acidente automobilístico, no cruzamento da Rua dos Andradas com a Travessa da Igreja do Carmo,  provavelmente numa tarde da década de 1950, paralisou o trânsito no centro de Itu/SP.
Testemunhas afirmaram que o caminhão, ao ignorar o cruzamento, desrespeitando a sinalização local, chocou-se com o veículo que ficou com a lateral parcialmente destruída.
Apesar do grande número de curiosos e dos danos materiais, não houve vítimas.
Após lavrado o B.O, o trânsito foi liberado.

Créditos: João Carlos Pestana Ramos/Grupo Fotos Antigas de Itu/SP.

15.3.12

Pe. Bento Dias Pacheco

Bento Dias Pacheco, ituano, nascido em 1819, na Fazenda da Ponte, a margem direita do Rio Tietê, provinha de família muito abastada. Filho de Inácio Dias Ferraz e Ana Antonia Camargo, desde cedo era incentivado a tornar-se doutor de prestígio na região. Porém, optando pelo sacerdócio, deu início aos seus trabalhos religiosos ali mesmo, na dita comarca.
Pouco tempo depois, após o falecimento de seu pai, viu-se impelido a cuidar dos negócios da fazenda, notabilizando-se pelo trato e cuidado que possuía em ralação a sua escravaria. Tal característica, de amor ao próximo, lhe rendeu dois convites para assumir a função de capelão do Hospital dos Lázaros, ambos recusados devido ao temor e preconceito que vigorava na época, em relação aos portadores de hanseníase.
No entanto, em 1869, Pe. Bento encheu-se de coragem e, radicalmente, decidiu dar novo rumo a sua vida: vendeu todos os bens, distribuindo os lucros obtidos aos mais necessitados da região, despediu-se de parentes, amigos e foi morar na Chácara Piedade, local onde eram isolados os portadores do mal de hansen. 
Estava convicto: a partir dali, Pe. Bento Dias Pacheco dedicaria sua vida aos doentes, amparando-os material e espiritualmente. O árduo trabalho de Pe. Bento - pai, amigo e médico daqueles enfermos - se estendeu por 42 anos, até o dia de sua passagem, em 06 de Março de 1911. Seu corpo está sepultado na Igreja do Sr. do Horto e São Lázaro, no bairro em que hoje leva o seu nome. 

Desde 2003, a Cúria Diocesana de Jundiaí instalou o Tribunal Eclesiástico Diocesano para a Causa de Beatificação e Canonização de Pe. Bento Dias Pacheco, cujo processo ainda tramita na Congregação para a Causa dos Santos, Vaticano.

Foto: Pe. Bento Dias Pacheco, em 1900.
Crédito: OLIVEIRA. Jair de. "Memória de Itu". Itu: Gráfica Gaviolli, 2011.
Fonte: site Wikipédia.
           site Diocese de Jundiaí