18.4.12

A "Convenção Republicana de Itu/SP"


Jovem estudante que acompanhou seu pai na “Convenção de Itu”, Cesário Mota Jr., em suas “Recordações Históricas”, reconstituiu os acontecimentos dos dias 16, 17 e 18 de Abril de 1873. Segundo ele, as ruas da cidade estavam enfeitadas para esperar o então presidente da Província, o Sr. João Theodoro Xavier. No dia seguinte, o mesmo participaria da cerimônia de inauguração da Estrada de Ferro Ytuana, que ligava Itu/SP à cidade de Jundiaí/SP, onde encontrava-se a ramificação para a Cia. Paulista de Estradas de Ferro.

Já no dia 18 de Abril, após um almoço realizado na casa de João Tibiriçá Piratininga, houve uma reunião preparatória, onde elaborou-se a ordem do dia. A reunião, segundo o presidente do Clube Republicano de Itu/SP, deveria ser simples e objetiva, evitando levantar polêmicas em torno de assuntos delicados, como a abolição, por exemplo.

A noite, por volta das 19:00 horas, 133 correligionários reuniram-se na casa de Carlos Vasconcellos de Almeida Prado, além das pessoas que se declaravam republicanas. Os Clubes Republicanos representados compareceram com a seguinte contagem: Itu (32); Indaiatuba (8); Campinas (15); São Paulo (10); Mogi-Mirim (2); Sorocaba (5); Amparo (4); Rio de Janeiro (2); Capivari (13); Jundiaí (9); Botucatu (4); Porto Feliz (15); Tietê (1); Piracicaba, que se chamava Constituição (4); além de Bragança Paulista (4); Atibaia, ou Bethelem de Jundiahy (1); Jaú (1) e, finalmente, Monte-Mor, com 1 representante.

Presidida por João Tibiriçá Piratininga e secretariada por Américo Brasiliense, as discussões duraram até as 21:30 horas. Ali, foi discutida a necessidade da realização de uma Assembleia de representantes municipais, a fim de se elaborar um projeto de Constituição politica, bem como as Leis Orgânicas do futuro estado de São Paulo. Também discutiram sobre o sistema de votação que elegeria esses mesmos representantes republicanos para congressos partidários, decidindo-se pelo voto direto e universal, restrito apenas aos menores de 21 anos e àqueles que possuíssem algum tipo de processo criminal.

A criação de um órgão de imprensa partidária, principal meio de atuação propagandística, foi adiada para o próximo encontro, em razão das diversas correntes de opiniões. Durante a saída dos convencionais, ainda segundo as recordações de Cesário Mota Jr., uma escrava, sentada à porta, pedia esmolas para comprar sua alforria. Aproveitando o momento, o convencional Quirino dos Santos, com palavras cheias de sentimentalismos, propôs que as pessoas presentes concorressem para a redenção da “pobre infeliz”. Rapidamente, em um gesto político, todos contribuíram para a causa.

Mais tarde, em outra reunião, dessa vez realizada em São Paulo, foi eleita a primeira comissão permanente do recém-criado Partido Republicano Paulista (PRP), que ficou composta pelos seguintes membros:
Américo Brasiliense; Américo de Campos; João Tibiriçá Piratininga; João Tobias; Martinho Prado Jr.; Antônio Augusto da Fonseca e Manoel Ferraz de Campos Salles (eleito presidente da República em 1898). O ituano João Tibiriçá Piratininga foi escolhido, entre os membros, para ocupar a presidência executiva do partido, equanto que Américo Brasiliense ficou com o cargo de 1º secretário.

Estava, portanto, consolidada o início da campanha republicana em São Paulo, campanha que culminaria vitoriosa em 15 de Novembro de 1889, com a Proclamação da República no Brasil.

Foto: Sala onde se realizou a Convenção Republicana de Itu/SP (site do Museu Republicano "Convenção de Itu).
Quadro: "A Proclamação da República", Benedito Calixto, Pintura a óleo, 1893.
Fonte: Tavernaro, Erik. "O Clube Republicano de Itu: organização partidária, propaganda e educação no Oeste Paulista (1872-1889)". Trabalho de Conclusão de Curso. História/UNESP, Franca, 1999.
 

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