Jovem estudante que acompanhou seu pai
na “Convenção de Itu”, Cesário Mota Jr., em suas “Recordações
Históricas”, reconstituiu os acontecimentos dos dias 16, 17 e 18
de Abril de 1873. Segundo ele, as ruas da cidade estavam enfeitadas
para esperar o então presidente da Província, o Sr. João Theodoro
Xavier. No dia seguinte, o mesmo participaria da cerimônia de
inauguração da Estrada de Ferro Ytuana, que ligava Itu/SP à cidade
de Jundiaí/SP, onde encontrava-se a ramificação para a Cia. Paulista
de Estradas de Ferro.
Já no dia 18 de Abril, após um
almoço realizado na casa de João Tibiriçá Piratininga, houve uma
reunião preparatória, onde elaborou-se a ordem do dia. A reunião,
segundo o presidente do Clube Republicano de Itu/SP, deveria ser
simples e objetiva, evitando levantar polêmicas em torno de assuntos
delicados, como a abolição, por exemplo.
A noite, por volta das 19:00 horas,
133 correligionários reuniram-se na casa de Carlos Vasconcellos de
Almeida Prado, além das pessoas que se declaravam republicanas. Os
Clubes Republicanos representados compareceram com a seguinte
contagem: Itu (32); Indaiatuba (8); Campinas (15); São Paulo (10);
Mogi-Mirim (2); Sorocaba (5); Amparo (4); Rio de Janeiro (2);
Capivari (13); Jundiaí (9); Botucatu (4); Porto Feliz (15); Tietê
(1); Piracicaba, que se chamava Constituição (4); além de Bragança
Paulista (4); Atibaia, ou Bethelem de Jundiahy (1); Jaú (1) e,
finalmente, Monte-Mor, com 1 representante.
Presidida por João Tibiriçá
Piratininga e secretariada por Américo Brasiliense, as discussões
duraram até as 21:30 horas. Ali, foi discutida a necessidade da
realização de uma Assembleia de representantes municipais, a fim de
se elaborar um projeto de Constituição politica, bem como as Leis
Orgânicas do futuro estado de São Paulo. Também discutiram sobre o
sistema de votação que elegeria esses mesmos representantes
republicanos para congressos partidários, decidindo-se pelo voto
direto e universal, restrito apenas aos menores de 21 anos e àqueles
que possuíssem algum tipo de processo criminal.
A criação de um órgão de imprensa
partidária, principal meio de atuação propagandística, foi adiada
para o próximo encontro, em razão das diversas correntes de
opiniões. Durante a saída dos convencionais, ainda segundo as
recordações de Cesário Mota Jr., uma escrava, sentada à porta,
pedia esmolas para comprar sua alforria. Aproveitando o momento, o
convencional Quirino dos Santos, com palavras cheias de
sentimentalismos, propôs que as pessoas presentes concorressem para a
redenção da “pobre infeliz”. Rapidamente, em um gesto político,
todos contribuíram para a causa.
Mais tarde, em outra reunião, dessa
vez realizada em São Paulo, foi eleita a primeira comissão
permanente do recém-criado Partido Republicano Paulista (PRP), que
ficou composta pelos seguintes membros:
Américo Brasiliense; Américo de
Campos; João Tibiriçá Piratininga; João Tobias; Martinho Prado
Jr.; Antônio Augusto da Fonseca e Manoel Ferraz de Campos Salles
(eleito presidente da República em 1898). O ituano João Tibiriçá
Piratininga foi escolhido, entre os membros, para ocupar a
presidência executiva do partido, equanto que Américo Brasiliense
ficou com o cargo de 1º secretário.
Estava, portanto, consolidada o início
da campanha republicana em São Paulo, campanha que culminaria
vitoriosa em 15 de Novembro de 1889, com a Proclamação da República
no Brasil.
Foto: Sala onde se realizou a Convenção Republicana de Itu/SP (site do Museu Republicano "Convenção de Itu).
Quadro: "A Proclamação da República", Benedito Calixto, Pintura a óleo, 1893.
Fonte: Tavernaro, Erik. "O Clube Republicano de Itu:
organização partidária, propaganda e educação no Oeste Paulista
(1872-1889)". Trabalho de Conclusão de Curso. História/UNESP, Franca,
1999.
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