Na
medida em que as cidades vão desenvolvendo sua infraestrutura e se
modernizando, algumas profissões, até então consideradas
indispensáveis, vão desaparecendo da rotina urbana. Em Itu/SP, isso
não foi diferente.
O
historiador Francisco Nardy Filho, listou algumas dessas ocupações
que hoje se transformaram em verdadeiras lendas de nossa cidade. São
elas:
"Os Faquinhas", 1938.
-
Aguadeiros: eram escravos de ganho (geralmente trabalhavam na cidade,
executando qualquer serviço em troca de algumas moedas) que, em
latas e barris, iam apanhar água no chafariz do Pe. Campos, na bica
do Broxado ou na fonte do Convento Franciscano, para abastecer as
casas. Vendiam o barril a 40$ (quarenta réis), já que as águas dos
dois córregos da cidade eram aproveitadas apenas pela lavadeiras.
Com a inauguração do serviço de abastecimento de água, em 1888,
desapareceram os aguadeiros. Logo em seguida, com a Lei Áurea,
desapareceram os escravos de ganho.
-
Acendedor de lampião: a um custo anual de 6:000$000 (seis contos de
réis), todo o serviço de iluminação pública da cidade, era de
responsabilidade do Sr. Joaquim Leitão. Esse “concessionário”,
digamos assim, tinha como funcionário um acendedor de lampiões,
chamado Zé Caifás. Durante o dia ele limpava os vidros dos lampiões
e os abastecia (economicamente, afirma Nardy Filho) de querosene. As
22:30 eram acessos os lampiões e até 00:00, todos já estavam
apagados, fazendo com que Zé Caifás os acendessem novamente. Em
noites de lua cheia, nos consta, não havia iluminação. Com a
chegada da luz elétrica na cidade de Itu/SP, em 1904, a profissão
de acendedor de lampiões desapareceu.
-
Rachador de lenha: levava em seu ombro um machado muito afiado,
percorrendo a cidade em busca de alguma carga de lenha para cortar e,
em seguida, vendê-las como combustível de fogão. Posteriormente,
vieram o fogão elétrico e a carvão, seguidos das serrarias que
forneciam a serragem e a lenha devidamente cortadas... foi o fim dos
rachadores de lenha.
-
Cabungo da cadeia: esse era o terror das famílias ituanas que
residiam nas ruas do Carmo e Direita, uma vez que, por volta de 21:30
hs era só alguém ouvir uma carroça se aproximando e,
imediatamente, todas as portas e janelas se fechavam para o limpador
de fossas passar, empesteando o ar com seu fedor característico. Com
a criação do serviço de captação de esgoto, foi-se junto o
cabungo e também o martírio dos cidadãos ituanos.
FONTE:
NARDY FILHO, Francisco. “A Cidade de Itu: cronologia ituana”.
Itu: Ottoni Editora, 2ªed., vol.IV, 2000.
FOTO/CRÉDITO:
“Faquinhas”, contratados pela prefeitura para a limpeza das ruas
(1938) / Gabriel Pupo Nogueira.
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